quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Peter Tosh

Grande parte da musicalidade dos anos iniciais dos Wailers se deve a esse homem de personalidade fortíssima e presença intimidante, que, além de sua voz inconfundível, emprestava à banda o som de sua guitarra e teclados. Muito se especula sobre sua saída precoce dos Wailers, chegando-se a dizer que ele mantinha um caso com Rita Marley. O que se sabe é que Tosh desentendeu-se com o produtor da Island Records, Chris Blackwell, que não concordou com a gravação de seu primeiro álbum solo, em 74. No mesmo ano, envolveu-se em um acidente de carro que acabou por vitimar sua esposa. Enfrentando tantos problemas em sua vida pessoal, Tosh abandonou a banda para iniciar carreira solo. Seu disco de estréia, Legalize it, de 1976, é um dos maiores clássicos da Reggae Music, e talvez seu melhor disco fora dos Wailers. Tosh foi um defensor muito mais ferrenho da legalização da erva do que Marley, e tocava a faixa título do seu LP de estréia duas vezes em seus shows durante a segunda metade da década de 70. Outra marca registrada de seus shows eram os longos discursos em que Tosh falava o que lhe dava na telha. Mais tarde, lançaria mais um clássico da apologia, Bush Doctor.
A defesa e divulgação incondicional de suas convicções fez com que Tosh se tornasse conhecido como o "Homem Perigoso do Reggae", em referência à música Stepping Razor, também gravada em seu LP de estréia, que teve como co-autor outra lenda do Reggae, Joe Higgs. Apesar de sua sonoridade única e da qualidade de sua música, Tosh nunca alcançou o sucesso alcançado por Bob Marley, e afirmava categóricamente que isso se devia à ascendência branca do ex-companheiro de banda.
Uma personalidade tão forte não era vista com bons olhos pelos poderosos da Jamaica, e Tosh foi assassinado em 1987, logo após o lançamento de seu último disco, No Nuclear War. Até hoje, muitas coletâneas e discos-homenagem são lançados todos os anos em memória a esse cidadão honorário decente e poderoso, e espera-se que mais material inédito ainda possa vir por aí. É por isso que torcem todos os regueiros mundo afora, que mantêm viva a lenda do Homem mais perigoso que o Reggae já conheceu.

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